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Obra que une circo contemporâneo e frevo ganha apresentações gratuitas no Recife. Foto: Will Oliveira

Os universos da dança e do circo se encontram nos os, movimentos e corpos dos artistas João Lucas Cavalcanti e Vitor Lima, da Cia Devir, e Inaê Silva. Juntos, eles desenvolveram uma pesquisa que mergulhou nas possibilidades criativas do encontro entre as duas linguagens artísticas, dando origem à performance Circo em Fervo, que ganha uma nova versão, mais robusta, complexa e contemporânea, dentro do projeto Pegando Fogo!.

O trabalho pode ser visto gratuitamente no dia 31 de maio, às 17h30, na Praça do Hipódromo, e no dia 2 de junho, com audiodescrição, às 10h, na Escola Municipal de Frevo Maestro Fernando Borges, na Encruzilhada.

Desde sua criação, a Cia Devir desenvolve uma pesquisa continuada que coloca o circo em diálogo com diferentes linguagens artísticas, como o audiovisual e a dança. O interesse por investigar as possibilidades de diálogo com o frevo, cuja corporalidade carrega tradição, inovação e o DNA pernambucano, uniu a dupla formada por João Lucas Cavalcanti e Vitor Lima e Inaê Silva, ista que é referência nacional, pesquisadora e criadora com formação em danças populares do Nordeste, balé clássico e dança contemporânea. Em seu trabalho, a bailarina-intérprete desenvolve releituras das danças populares, com um olhar contemporâneo.

A pesquisa desenvolvida pela Devir, que contou também com a  participação de Inaê, envolveu, na primeira etapa, residência artística, aulas na Escola de Frevo Maestro Fernando Borges, trocas com profissionais e estudiosos do campo, entre outras ações. Após esse processo, o trio apresentou uma primeira versão de Circo em Fervo, com uma pegada mais voltada ao clima carnavalesco, quase como se estivessem a caminho de um bloco (ou convocando o público a criar, naquele instante, sua própria aglomeração festiva). 

Nesta fase inicial, que teve estreia em 2024, o trabalho foi apresentado em espaços como o Instituto do Autismo, o Centro de Artes e Comunicação da UFPE e na concentração do bloco Escuta Levino, na abertura do Carnaval do Recife. A iniciativa também deu origem a um videocirco, um registro audiovisual da performance filmado em diferentes pontos do Centro do Recife. 

Agora, João Lucas, Vitor e Inaê aprofundam a investigação em torno das relações cênicas e técnicas entre os os de frevo e as acrobacias circenses, sem hierarquização ou estereótipos do que é cada linguagem. Elas se misturam e, portanto, o trabalho é um híbrido: não se trata de um trabalho de circo com elementos de dança ou vice-versa, mas, sim, uma produção original do que pode surgir quando esses dois universos se encontram, se misturam e se complementam.

A busca por esta corporeidade original, fluida, que agrega e celebra as especificidades das linguagens artísticas, expandindo suas possibilidades, é a característica primeira do projeto.

Circo em Fervo, em sua nova configuração, apresenta novas camadas dramatúrgicas e estéticas, implicando as narrativas em torno do tema. Entre as muitas semelhanças físicas do circo e da dança, os artistas enfatizam os movimentos de impulso, a relação com a terra e o ar, além dos movimentos acrobáticos em si. Outro ponto importante do trabalho, e que aproxima as duas linguagens artísticas, é a ocupação dos espaços públicos e não convencionais, convidando o público a não só observar a performance, como também a imergir nela, interagir e se deixar contagiar pelo ritmo e a efervescência do circo e do frevo.

Na performance do dia 2 de junho, será disponibilizada audiodescrição, para garantir a ibilidade para pessoas com baixa visão e cegas. 

As apresentações de Circo em Fervo integram o projeto Pegando Fogo!, que conta com incentivo da Lei Paulo Gustavo, através da Secretaria de Cultura de Pernambuco, Fundarpe, Governo de Pernambuco, Ministério da Cultura e Governo Federal.

*Da assessoria