Médico é indiciado por morte de paciente que realizou ‘harmonização de bumbum’ no Recife 2e271r

1g1348

Marcelo Alves responderá pelos crimes de homicídio doloso e exercício ilegal da medicina

Médico é indiciado por morte de paciente que realizou ‘harmonização de bumbum’ no Recife

Adriana Barros Lima Laurentino, de 46 anos, morreu após realizar uma ‘harmonização de bumbum’ em uma clínica de estética no Recife. Foto: Reprodução/Instagram

A Polícia Civil de Pernambuco indiciou o médico Marcelo Alves Vasconcelos pela morte da comerciante Adriana Barros Lima Laurentino, de 46 anos. A paciente morreu em 11 de janeiro deste ano, após ar por um procedimento estético conhecido como “harmonização de bumbum”, na clínica Bodyplastia, no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife. No procedimento, orientado por Marcelo, a vítima fez uso da substância polimetilmetacrilato (PMMA), cujo uso para fins estéticos não é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O profissional responderá pelos crimes de homicídio doloso e exercício ilegal da medicina. Na investigação, a polícia concluiu que o médico conhecia os riscos do uso do PMMA e que fez orientações de cunho “indiferente” à vida e ao bem-estar da cliente, tendo como objetivo apenas o lucro. Além disso, a polícia aponta que Adriana foi submetida ao procedimento sem ar por avaliação prévia e que houve incentivo ao uso de grandes volumes da substância, ainda que não houvesse necessidade clínica.

Marcelo, que já é alvo de outros processos judiciais, também não era assíduo na clínica. As consultas eram feitas “de forma superficial e intermediadas por atendentes” e o médico comparecia ao local “apenas uma vez por mês”, segundo a Polícia Civil. O médico estava, ainda, irregular no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e era alvo de uma investigação sobre um esquema de fraudes em vestibulares de medicina nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Contato com a clínica 352914

Adriana conheceu os serviços da Bodyplastia em dezembro de 2024 e entrou em contato com o estabelecimento no dia 26 daquele mês, para realizar um agendamento. Pela consulta, a paciente pagou, antecipadamente, o valor de R$ 500. Neste primeiro contato, o médico avaliaria pessoalmente o corpo da paciente. Na consulta, ele indicaria a quantidade necessária para a realização da bioplastia de glúteos, como o processo também é conhecido. No entanto, a consulta e a harmonização foram realizadas no mesmo dia, sem avaliação prévia.

Em 10 de janeiro de 2025, na clínica, Adriana foi informada de que precisaria aplicar, no mínimo, 180 ml de PMMA para chegar no resultado esperado. Cada mililitro do produto custava R$ 60. Ou seja, o valor da aplicação mínima, de 180 ml, seria a partir de R$ 10,8 mil. Nos diálogos, Adriana chegou a questionar a alta quantidade do produto, mas uma atendente a informou que seriam 90 ml em cada parte das nádegas.

O procedimento 2l222k

Na mesma data, o procedimento aconteceu. No caso da vítima, ela aplicou 360 ml de PMMA no corpo e foi liberada posteriormente. A quantidade final foi o dobro da comunicada na consulta e custou R$ 21 mil, pagos de uma só vez. A mulher voltou para casa, por volta das 16h, e foi encontrada morta, no banheiro de casa, na manhã do dia seguinte, 11 de janeiro.

Foi o filho de Adriana que encontrou o corpo da mãe no local. Ela apresentava sangramento no nariz e sinais de necrose nas pernas e no rosto. O jovem chegou a acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas os socorristas constataram o óbito ainda na residência.