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Título absorve boas referências do gênero soulslike e oferece lutas desafiadoras contra chefes

The First Berserker: Khazan é brutal e viciante

Imagem: Divulgação/Nexon

Desde que a desenvolvedora japonesa FromSoftware estabeleceu o soulslike como um gênero de jogo, por meio de “Demon’s Souls” (2009) e “Dark Souls” (2011), muitas empresas têm seguido essa fórmula na tentativa de alcançar o mesmo sucesso. Embora este caminho tenha resultado em uma enxurrada de títulos genéricos e sem acréscimo significativos ao mercado de games, alguns conseguiram se destacar, entre eles, “Nioh” (2017) da Koei Tecmo e “Lies of P” (2023) da NEOWIZ. Em 2024, mais um jogo chegou para fazer parte desta lista de campeões, que é o “The First Berserker: Khazan”, da Neople.

O que muitos podem não saber, é que “The First Berserker: Khazan” pertence ao mesmo universo da franquia “Dungeon & Fighter”, que existe desde 2005, com jogos do gênero Beat ’em ups (briga de rua) e também luta. Com essa nova empreitada, a Neople tenta conquistar novos públicos, no entanto, seria “Khazan” apenas mais uma cópia de “Dark Souls” ou existem elementos originais que justificam o investimento de tempo e dinheiro? O LeiaJá teve a oportunidade de testar o título em sua versão de Playstation 5 para poder responder essa dúvida.

Enredo simples e funcional 6g171t

No game, o jogador assume o controle de Khazan, um renomado guerreiro que se destaca por suas conquistas no campo de batalha, mas que em dado momento, se torna vítima de uma conspiração armada pelo próprio império ao qual defendia. Após ser tido como um traidor, Khazan é acorrentado e condenado à morte.

Em um estado fraco e sem nenhum tipo de perspectiva, o combatente é salvo por entidades do mundo dos mortos, que desejam utilizar o seu corpo e o seu desejo de vingança como ferramentas para restabelecer o equilíbrio do submundo. Sem muitas opções, Khazan decide formar uma aliança com essas criaturas, para que tanto ele quanto elas consigam alcançar seus objetivos.

Diferente do que é visto nos games da FromSoftware, “The First Berserker: Khazan” não traz um enredo complexo e difícil de ser acompanhado. Tudo é muito explicado, seja pelos diálogos que o personagem tem com outros NPCs ou por meio das cinemáticas, que também dispõem de uma estrutura simples, com imagens estáticas e uma narração de fundo. Para a alegria dos jogadores brasileiros, o título conta com legendas em português, o que faz com que a narrativa seja ível para todos.

Visuais simpáticos 3j4e36

The First Berserker: Khazan” usa um estilo gráfico conhecido como “Cel Shading”, que apresenta modelos em 3D, mas com uma estética que remete aos desenhos animados. Neste caso, o game se assemelha a um anime (nome dado às séries japonesas) e dispõe de um aspecto que é bastante agradável aos olhos.

Os cenários contam com uma estrutura visual simples e estão dentro do esperado para este estilo gráfico. Por outro lado, os personagens receberam um maior nível de atenção em suas modelagens, seja pelos seus designers ou pelas mudanças que eles sofrem durante o gameplay. Um exemplo disso pode ser visto nas lutas contra chefes, onde cortes, manchas de sangue e partes quebradas do corpo ficam em evidência conforme a luta progride.

Todos esses aspectos gráficos contribuem para que o game consiga rodar de maneira fluida, sem nenhum tipo de atraso de renderização ou quedas na quantidade de quadros por segundo (FPS). Desta maneira, o jogador não terá que se preocupar com más otimizações e poderá se concentrar unicamente no gameplay (o que é extremamente necessário em The First Berserker: Khazan”). Vale lembrar que este texto tem como base a versão de PS5, que foi testada na versão base do console.

Qual foi a inspiração? 196z50

Conforme mencionado anteriormente, The First Berserker: Khazan” bebe da mesma fonte de “Dark Souls”, então traz todos os elementos esperados de um soulslike, entre eles, um combate cadenciado, que exige que o jogador ataque apenas quando o inimigo abrir uma brecha; perda total da experiência acumulada após ser derrotado, com apenas uma chance de recuperá-la; e um sistema de punição que não deixa ar um único erro, mas que também recompensa os acertos na mesma proporção.

No entanto, por mais que “Dark Souls” seja o título mais lembrado quando se fala em soulslike, a principal referência deste game é “Nioh” da Koei Tecmo. Isso porque ele traz inúmeras semelhanças, como por exemplo, o formato de fases com cenários menores no lugar de um mapa interligado; a constante recompensa de novas armas, armaduras e órios que são conquistadas ao vencer uma luta; além de um sistema de missões secundárias que reaproveita os mesmos cenários da jornada principal e também os chefes.

Embora essas missões opcionais possam parecer repetitivas, é importante que sejam realizadas, já que elas fortalecem Khazan e o deixam mais preparado para a jornada principal. Diante disso, a única certeza do jogador será: se um chefe for muito difícil, pode ter certeza que uma versão mais desafiadora deste mesmo inimigo estará à espera do protagonista em uma fase secundária.

Outro aspecto que torna “The First Berserker: Khazan” um primo próximo de “Nioh” são os espectros que podem ser invocados para um duelo ou para auxiliar na luta contra os chefes. Os cenários estarão repletos de vultos vermelhos e, ao se aproximar e apertar o botão de ação, um guerreiro aparecerá e uma luta terá início (da mesma forma que acontece com os túmulos em “Nioh”). Ao vencer o combate, o jogador ganhará mais experiência e também um item que serve para invocar aliados.

Na entrada do portão do chefe da fase, haverá um vulto dourado e com ele, o jogador poderá invocar um aliado para ajudar no combate. No entanto, se os atributos de resistência e força desses aliados não forem fortalecidos, eles não conseguirão oferecer contribuições significativas para a luta e serão eliminados com facilidade.

Apesar das semelhanças, também existem elementos que diferenciam “The First Berserker: Khazan” de “Nioh”. O primeiro deles é que todas as fases são ligadas por um hub principal, tal como ocorre em “Demon’s Souls”. Nesta área, o personagem pode adquirir novas missões, interagir com outros NPCs, fortalecer seus atributos (algo que também é possível fazer durante as fases), criar ou desmontar novos equipamentos e melhorar os atributos dos espectros.

Além disso, uma das principais diferenças acontece durante as lutas contra chefes. Sempre que o jogador morrer (o que acontecerá com muita frequência), ele poderá recuperar todo o seu “lacrima” (nome dado para a experiência que Khazan acumula durante a jornada e que serve para fortalecer seus atributos) na entrada do portão do chefe e também ganhará uma quantidade a mais, o que garante um fortalecimento do personagem a cada derrota.

Possibilidades de combate 3e4v2

Atualmente é possível encontrar uma vasta quantidade de jogos que se inspiram em “Dark Souls” e que entraram dentro do grupo dos soulslike, por conta disso, não é exagero afirmar que o mercado se encontra com uma saturação deste gênero. Já não basta mais ser parecido, é necessário trazer elementos que justifiquem o tempo (e também o dinheiro) que será investido no game.

O combate de “The First Berserker: Khazan” é a carta na manga que o torna apto nessa disputa, pois embora não seja revolucionário, ele é suficientemente competente para segurar a atenção do jogador dentro do jogo. Existem três tipos de armas no jogo: as empunhaduras duplas, compostas por uma espada e um machado, que podem garantir um equilíbrio entre força e velocidade; a lança que é ideal para os que querem se focar em aparar os ataques dos inimigos e quebrar suas posturas; e o espadão, que tem uma força exagerada, mas que sofre com ataques lentos e imprecisos.

Escolher qual arma será usada durante a jornada é essencial para que o jogador possa definir o seu estilo de combate favorito. Mas, caso esteja cansado de uma arma e queira mudar de build (nome dado para o conjunto de características e equipamentos que compõe um personagem dentro de um game), o título permite que isso seja feito de maneira simples.

Isso porque além da lacrima, Khazan também ganhará pontos de habilidades que poderão ser distribuídos em diferentes árvores, que garantem novos ataques ou vantagens para a empunhadura dupla, lança, espadão ou para o próprio personagem. A maneira como esses pontos serão alocados é o que definirá a eficiência de uma build. Entretanto, caso o jogador não esteja satisfeito com os resultados obtidos ou queira experimentar novas possibilidades, basta resetar os pontos, que eles serão devolvidos e uma nova distribuição poderá ser feita. Vale lembrar que é possível realizar este processo quantas vezes forem necessárias.

Isso é importante pois cada inimigo (principalmente os chefes de fases), pode ser mais ou menos fraco contra um tipo específico de arma e toda e qualquer vantagem será bem-vinda em “The First Berserker: Khazan”.

Batalhas brutais e punitivas 345w1v

Ao se tratar de um soulslike, não é novidade que existam inimigos prontos para dizimar o jogador na primeira oportunidade ou que seja preciso pensar em cada movimento com bastante cautela. No entanto, “The First Berserker: Khazan” leva isso para outro nível, em especial, nos confrontos contra chefes. Muito disso acontece porque essas criaturas possuem uma barra de vida extensa e são bastante resistentes a danos.

Por conta disso, as lutas se tornam longas, o que pode resultar em cansaço e desistência por parte de alguns jogadores (principalmente para aqueles que não são amantes do gênero soulslike). Para obter êxito, é preciso conhecer a fundo as mecânicas do game e, mesmo assim, não será simples.

Os que optarem por uma estratégia ofensiva precisam garantir uma armadura resistente e um dano alto para as armas. Os que preferem agilidade, podem investir na esquiva, já que os inimigos ficam com a guarda aberta quando um golpe é desviado no momento exato.

Outra estratégia eficiente é a de aparar os ataques do adversário, que também deve ser feito no momento exato do ataque, tal como acontece em “Sekiro” (2019). Cada defesa bem sucedida por parte do jogador esgotará aos poucos a barra de postura do inimigo e, quando ela for completamente esvaziada, será possível aplicar um golpe de dano alto. Entretanto, o intervalo de um ataque para o outro não é exato, podendo variar de chefe para chefe, e é necessário diversas tentativas para entender o tempo de cada um deles.

Por mais que toda essa brutalidade possa afastar aqueles que não são fãs do gênero, um fenômeno diferente ocorre com os apreciadores de soulslike, já que as derrotas não incentivam a desistência, mas sim, que o jogador aprenda com seus erros e tente novamente, na esperança de que aquela será a vez da vitória.

Ao conseguir superar o desafio, o indivíduo é tomado por uma sensação de conquista, que faz com que ele perceba que todas aquelas tentativas e erros não foram um tempo desperdiçado, mas sim uma curva de aprendizado que fez tudo valer a pena. No final das contas, essa é a principal proposta estabelecida lá em 2009 pela FromSoftware, em “Demon’s Souls”, ao qual foi replicada com sucesso em seus lançamentos posteriores, “Dark Souls”, “Bloodborne”, “Sekiro” e “Elden Ring”, e que se tornaram a base do que define um bom soulslike.

Este título consegue absorver boas referências de seus primos próximos e distantes, sendo uma adição significativa a este gênero. Mas, aqueles que não são fãs deste tipo de desafio, podem optar pelo modo fácil. Porém, durante os testes não foi possível testar essa dificuldade, pois uma vez que ela é ativada, não é mais possível retornar para o nível normal no mesmo save. Além disso, ela trava a possibilidade de adquirir novas conquistas ou troféus durante a jornada.

“The First Berserker: Khazan” está disponível para PS5, Xbox Series X/S e PC por R$299,90.

*Colaboração de Alfredo Carvalho para o LeiaJá